O recente agravamento da componente pública da dívida externa é em larga medida resultado do abrandamento da actividade económica, da consequente significativa diminuição da receita com impostos, do aumento da despesa com protecção social, de juros que se tornaram imorais e da socialização dos prejuízos no BPN. Em Portugal, o Estado pode e deve gastar melhor, mas não é a razão do impasse económico a que chegámos. A componente privada da dívida externa, recebendo muito menos interesse dos mesmos eternos comentadores que o sistema lhe oferece for free, é consideravelmente maior que a pública.
Trichet e FMI dizem-nos que a solução é mais do mesmo.
A pressão é enorme. Mas, como se sabe, nas coisas humanas, excepto para o fim da vida, há sempre alternativa.
Em Portugal mais razões há para dizer não; a remuneração do trabalho não tem cessado de minguar (parcela de retribuição do trabalho em percentagem do rendimento nacional diminuiu 10% entre 1975 e 2009) e a desigualdade de rendimentos é inaceitável.